Contraditório.

A grande verdade é que essa busca pelo propósito é subjetiva, abstrata, difícil de materializar. Será que alguém realmente consegue resumir a sua vida a um único propósito? E, além disso, será que valeria a pena conviver com esse peso? 

A sensação que eu tenho, atuando com Neurociência e Coaching de Carreira há 7 anos, é que parece que toda essa indústria está comprometida em apenas te manter nessa busca infinita, ao invés de te fornecer uma solução pragmática para realmente te ajudar com o seu problema, que no fim das contas tem a ver com a sua carreira e o seu trabalho.

Existe uma outra forma muito mais concreta e produtiva de atingir a realização profissional: descobrir seus talentos e usá-los a seu favor.

De acordo com a Neurociência, todos os cérebros têm certas facilidades e certas dificuldades. Ao exercer um trabalho que usa os seus talentos, você consegue gerar uma contribuição, expressar aquilo que tem de melhor, e conquistar um bom desempenho.

E é fazendo isso que você vai – finalmente – ter o senso de propósito.

O grande motivo pelo qual ninguém fala disso é porque, no geral, pode ser muito difícil descobrir os seus talentos.

Desde muito novas, o sistema nos estimula a corrigir as nossas dificuldades, melhorar aquilo que há de pior em nós.

Vou fazer um pequeno teste para provar meu ponto: 

Imagine que Maria voltou da escola no final do semestre com seu boletim. Ela tirou 9 em Matemática, mas apenas 5 em Geografia. A mãe de Maria, então, colocou ela em um reforço de Geografia.

Eu sou capaz de apostar que você e diversas outras mães fariam o mesmo que a mãe de Maria. 

Mas você já pensou que Maria poderia ter investido desde pequena em Matemática, e mais tarde ter ficado tão boa nisso, e ganhado o Prêmio Nobel da Matemática, a Medalha Fields?

Em contrapartida, Maria cresceu pensando “poxa, preciso melhorar em Geografia”, sem valorizar suas aptidões em matemática, porque achava que aquilo era “simples demais”. 

Isso aconteceu com você.

Você foi afastada dos seus talentos e, consequentemente, do seu propósito.

E agora, se você tentar refletir sobre os seus talentos pura e simplesmente pensando no que é boa, é muito provável que o resultado seja apenas frustração.

Frequentemente diminuímos nossas aptidões, nos comparamos com pessoas que julgamos ser “melhores” do que a gente, e nos sentimos insuficientes. É o que vulgarmente chamam de “síndrome da impostora”.

Testes de personalidade ou vocação também costumam ser algo que as pessoas pensam em recorrer, mas acredite: são péssimas alternativas.

Essas ferramentas têm bases científicas altamente questionáveis, apesar de serem socialmente aceitas, e te colocam com uma postura passiva, de apenas “receber” aquela informação e “ter que aceitar”.

Você talvez esteja se perguntando: se nada disso funciona, o que fazer?

O processo de descoberta de talentos envolve dedicação, o que teoricamente levaria anos para acontecer. No entanto, podemos acelerar isso usando a Neurociência a nosso favor.

Se utilizarmos o direcionamento correto, por meio das Perguntas Poderosas, encontramos um balanço perfeito entre a reflexão muito aberta que é se perguntar “no que sou boa?” e a rigidez de um teste de personalidade por se apoiar em indícios factíveis.